sexta-feira, 18 de setembro de 2009

The Islander

"[...]Now his love's a memory, a ghost in the fog 
He sets the sails one last time saying farewell to the world 
Anchor to the water, seabed far below 
Grass still in his feet and a smile beneath his brow 


This is for long-forgotten 
Light at the end of the world 
Horizon crying 
The tears he left behind long ago[...]"


A chuva caía forte em meus ombros,  minha capa ja estava a muito úmida e meus cabelos brancos ralos, que outrora ja foram longos e negros, escorriam pegajoso pela minha fronte.

Devido ao tempo, gélido e trovejante, as ruas a beira mar encontravam-se vazias, só eu, como um espectro de tempos longínquos, caminhava cabisbaixo e pensativo. Os raios rasgavam o céu como anjos caindo, e o mar (como não me lembrar daquele mar!) estava provando a todos a ira de Poseidon. O cheiro de sal me contagiava, a chuva lavava-me a alma, os relâmpagos e seus clarões iluminavam-me a trilha que estava seguindo, dobrei uma esquina, a noite tempestuosa ficou ainda mais escura (o que até então, julgava ser impossível), o frio se agravou tanto que pude senti-lo em meus ossos, a tempestade continuava a toda força, porém nada sentia, além do frio penetrante, e nada ouvia, além de uma voz doce e melodiosa, que chegava-me aos ouvidos:
- Sinto não ser uma noite agradável, mas a morte não tem hora.
Virei-me, e vi o locutor de tais palavras. Seu capuz cobria seu rosto, mas em sua foice brilhava uma luz, clara como o sol refletindo no mar (Ah, o mar, que tanto conhecia!) e em vez de morte, vi na morte uma nova vida:
- Vens como amiga, Dama-da-Voz-Mansa?
- Venho como tu queres! Amiga ou inimiga, indesejada ou esperada, sou apenas uma mensageira do Senhor!
Sua voz enchia-me os ouvidos, e o frio sumia. Sua foice tornava a escuridão cada vez mais branda, a chuva ja diminuirá e a tempestade cessara. Mesmo em meio a profunda noite, pude ver um raio de sol trazendo esperança.
- Então, espero teu triste abraço.
A vida passou-me aos olhos e pude ver de novo o mar (E suas maravilhas!), e no mar pude ver seus olhos castanhos escuros, tão meigos e profundos, seu cabelo longo e negro, ondulado como o mar, e não pude deixar de ouvir sua voz, doce e melodiosa. E então, dei-me conta de que a voz não era uma remota lembrança, era presente e clara, e vinha da figura encapuzada a minha frente. Cheguei-lhe perto, só então percebi que não era uma foice que carregava, mas sim uma aliança dourada, dourada como o sol refletido no mar. Uma aliança, segurada por uma linda mão clara. Peguei-lhe a mão e retirei-lhe o capuz. Estava finalmente de volta com meu amor. O tempo agora ja não mais existia. Nem o tempo e nem o tempo, que agora estava claro como um dia de verão, os prédios em volta e as rugas em meu rosto haviam desaparecido, e meus cabelos, brancos como a areia que nos cercava, estavam novamente negros e longos. Em meus ouvidos chegava uma canção, simples, cantada  a capela:
- Senti sua falta, meu anjo.
E meus lábios tocaram no dela, e mesmo sabendo que a vida havia se esvaído de mim, senti-me como vivo de novo, pois ela era minha vida!

Acordei assustado, mas não era um pesadelo, e sim um sonho calmo em um lugar bonito. Olhei para o lado, e la estava ela, dormindo a sono solto e tranqüilo. Apreciei demoradamente suas lindas feições, virei e voltei a dormir, agora mais calmo.
Ja sabia disso antes, mas naquela noite tive certeza, ela era minha vida.

4 comentários:

Gu disse...

O maaaais tesão de todos:D:D

Bruno disse...

um texto de um oceanólogo apaixonado. muito bom velho :)

Bisk8 disse...

Gostei muito, muito, muuito mesmo...
Ficou muito, muito, muito bom... :D
Nem sei oq dizer cara... Sério mesmo... :}
Tá indescritivelmente MUITO bom...

Jonis disse...

Breve explicação: Ja foi escrito para alguém, porém hoje eu reli e me surpreendi. Então dedico a quem apreciar!
Passar Bem.